Estava me preparando para escrever a todos sobre a eleição para o Conselho Municipal de Cultura de Juiz de Fora, cuja eleição começa amanhã dia 21 e 22 de março, mas ao ver o jornal da noite na tv mudei de idéia.
Surpreendi-me quando, no meio de uma reportagem, apareceu o Presidente Obama dando uma notícia grave de uma forma tão banal: o anuncio do bombardeio contra as forças do Gaddafi na Líbia. Como se fosse a mesma coisa de anunciar um passeio ao corcovado. Talvez não seja a toa que hoje pela manhã eles cancelaram a ida ao Corcovado. Será que vão? E se forem será que diante da representação do Cristo de braços abertos ele não pensará um pouco na decisão de iniciar uma guerra que como ele mesmo disse poderá afetar o mundo nos próximos dez anos?
É uma pena que a nossa tietagem diante do primeiro presidente Negro dos EUA conversando com a primeira mulher Presidente no Brasil teve esse gostinho amargo de trazer junto o fim de nossas esperanças em preservarmos a PAZ.
Essa Paz da qual eu sempre falo e que acho que é nossa função como artistas e educadores defender até o fim, por que sem ela a humanidade não cresce espiritualmente. E como vimos com o grande desastre natural do Japão não adianta reunir riquezas por que diante dos fenomenos naturais da natureza isso nada resolve. A nossa Mãe terra está se revolvendo mesmo diante de tanta ambição, usura e consumismo.
Nossa mãe terra, Senhor
geme de dor noite e dia,
Será de parto essa dor ,
ou simplesmente agonia?”
Há alguns anos fiz uma exposição que se chamou: “O que os olhos veem? Paz…”. Na época (2005) colocamos vários Tsuru[1] na entrada da exposição e uma das obras que expus fazia uma reflexão sobre a bomba de Hiroshima que foi lançada em 6 de agosto de 1945, por um presidente Americano, Harry S. Truman. Quase ninguém deu atenção a esse pequeno quadro, mas também quase ninguém se lembra que foram os americanos que iniciaram a primeira agressão nuclear a uma população indefesa.
Agora por incrível que pareça a própria mãe terra detonou esse processo de destruição. Mas isso nos serve de alerta, porque a energia nuclear foi criada para ser utilizada em fins pacíficos e o homem com sua ambição desvairada acabou transformando-a numa poderosa arma de destruição.
O caminho que estamos a trilhar coloca em nossas mãos aquilo que viremos a colher. Por isso venho há anos falando sobre a Paz, a vida, a alegria, a natureza e sempre utilizei meus desenhos para mostrar a dor, mas também falar da paz, do amor e da harmonia.
Não precisamos de mais visões negativas do que já temos em nosso dia-a-dia, não queremos aumentar nossa cota de sofrimento decorrente de decisões erradas.
Jesus citava o “amor” como “ágape”, termo que significava servir. Amor sempre foi sinônimo de servir e quando a gente começa a entender a extensão desta palavra já não podemos nos permitir deturpar sentimentos, cairmos nas viciações, mergulhar na luta insana pelo prazer físico, pela posse, pelo poder, pela usura, sem que mergulhemos também na infelicidade e na dor. Nossa libertação está na conquista do amor maior, quando nossos seres queridos já não serão restritos à família, ou a um ser especial, mas a humanidade inteira. Quando este amor-servir, encantar e dominar a terra, não existirá mais o mal e o ódio se apagará diante de tanta luz.”
Não gostaria de parecer cafona nem piegas, mas o que gostaria de dizer é que meu heroi é Jesus e que a única maneira da humanidade conquistar a Paz é se espelhar nele. EU, não tenho vergonha de dizer que admiro seu exemplo.
[1] O Tsuru é o símbolo do Origami japonês e significa boa sorte, felicidade e saúde. Depois da destruição de Hiroshima em 1945, surgiram muitas doenças entre os sobreviventes. Uma das vítimas, Sadako Sassaki, com dois anos no dia da explosão, começou a sentir os efeitos da Bomba Atómica aos 12 anos, sendo-lhe diagnóstico Leucemia. Quando Sadako estava no hospital, um amigo levou-lhe alguns papéis coloridos e dobrou um pássaro (TSURU). Disse-lhe que esse pássaro é sagrado no Japão, que vive mil anos e tem o poder de conceder desejos. E que se uma pessoa dobrar mil Tsurus e fizer o seu pedido a cada um deles, este será atendido. Sadako começou a dobrar Tsurus e a pedir para se curar, porém a sua doença agravava-se a cada dia. A menina começou, então, a pedir pela Paz Mundial. Sadako dobrou 964 Tsurus até 25 de Outubro de 1955, data em que morreu. Os seus amigos dobraram os restantes Tsurus a tempo do seu funeral. Mas eles queriam mais, desejavam pedir por todas as crianças que estavam a morrer, em consequência da explosão da Bomba Atómica. Os amigos de Sadako formaram um clube e começaram a angariar dinheiro para um monumento. Contribuíram estudantes de mais de 3000 escolas do Japão e de 9 outros países. Em 5 de Maio de 1958 inauguraram o Monumento da Paz das Crianças, no Parque da Paz de Hiroshima. Todos os anos no Dia da Paz, seis de Agosto, são enviados Tsurus de papel, provenientes de todo o mundo, para o Parque. As crianças desejam espalhar pelo mundo a mensagem esculpida na base do monumento de Sadako: Este é o nosso Grito/ Esta é a nossa oração: Paz no Mundo