Nesses últimos dois anos em que fiz parte do Conselho Municipal de Cultura, aprendi muito sobre o processo de construção de uma Lei que visa fortalecer a área cultural assim como permitir melhoras no setor artístico e cultural do município.
Após várias reuniões – que duravam em torno de duas a três horas e que aconteciam, em geral, na segunda semana de cada mês -, vimos que, para concretizar as transformações que queríamos para nossa cidade, necessitávamos antes de tudo de muita dedicação e conversa entre os representantes da sociedade civil e os membros do Conselho. Nossa tentativa era atender às reivindicações dos artistas e representantes das instituições ligadas à cultura em Juiz de Fora.
Durante as palestras e debates que aconteceram na Conferência Municipal de Cultura, ouvimos uma série de reclamações em relação á área cultural. Várias solicitações cobravam atividades artísticas nos bairros e alguns falaram claramente que estavam buscando outros recursos para conseguirem levar adiante seus projetos. Vimos também que a participação dos artistas foi muito pequena e a única maneira de propormos metas eficientes para melhorar o setor artístico e cultural é contar com uma participação maior de todos.
O palestrante José Jr. – consultor da Unesco no Ministério da Cultura (MinC) – sugeriu a criação de comissões locais de cultura de caráter livre, que poderiam manter encontros mais frequentes com o objetivo de decidir metas e prioridades para a comunidade.
Em agosto, pensamos em promover a realização de um encontro no Atelier Ponto com Arte* e enviamos uma carta proposta para criarmos um grupo de discussão sobre Arte e Cultura em nosso espaço. Pensando em ampliarmos essa participação, a partir do momento que outras instituições pudessem também abrigar um encontro com os interessados. Marcamos então dois dias de conversa, 12 e 13 de agosto. Só apareceu uma pessoa na terça-feira. Decepção? Desânimo? A constatação de que falta alguma coisa. Falta participação. Falta priorizarmos um pouco do nosso tempo para pensarmos no coletivo. Falta acreditarmos que podemos fazer alguma coisa. Falta percebermos que só unidos poderemos melhorar nossa área de atuação e obtermos a valorização e o fortalecimento do mercado de arte em nossa cidade.
Atualmente, algumas áreas como música e artes cênicas, por exemplo, conseguem reunir um grupo maior de participantes porque a natureza de suas atividades privilegia o trabalho em grupo e acabam criando um laço mais forte entre os profissionais que atuam nessa área. Mas mesmo assim os diversos setores artísticos necessitam de mudanças e a definição de metas a serem executadas visando melhorar a produção, fruição e divulgação do trabalho executado no meio artístico local.
Para conseguiremos operar mudanças necessitamos de uma operação conjunta.
Nosso próximo passo, após a aprovação da Lei que institui o Plano Municipal de Cultura, é formularmos metas para iniciarmos a concretização das diretrizes propostas nas várias áreas.
Mas como definir metas se não conseguimos reunir um número mínimo de representantes para levarmos adiante nossas reivindicações?
De minha parte acho, que fiz o possível para dar minha contribuição. Foram muitos dias de reuniões, de discussões, de propostas e no final a sensação de dever cumprido. Precisamos de mais articuladores, participantes do movimento cultural para que possamos ter fôlego para propor projetos, eventos e atividades que possibilitem a divulgação da produção artística local.
E ai? Quem se candidata?
Estamos buscando parceiros para propor metas e lutar para colocá-las em prática.
Rose Valverde
Conselheira de artes plásticas no CONCULT Juiz de Fora
* Atelier Ponto com Arte (funcionou de 2011 a 2015)
Rua Barão de São Marcelino, 124 – Alto dos Passos
blog: http://atelierpontocomarte.blogspot.com