Escolhi uma foto de uma senhora com jeitinho de vovó para complementar um quadro que estava realizando sobre os caminhos do desenho artístico, baseado nos exercícios que faço com meus alunos, não sabia quem era ela. Depois que tinha iniciado o desenho, virei a folha e li uma reportagem que falava sobre o Museu de Imagens do Inconsciente e fiquei surpresa ao saber que a “vovó” que estava desenhando era Nise da Silveira.
Para quem não sabe, Nise nasceu em 1906, em Maceió. Ela cursou a Faculdade de Medicina da Bahia, onde formou-se como a única mulher entre os 157 homens desta turma. Está entre as primeiras mulheres no Brasil a se formarem em Medicina. Nise da Silveira foi militante da Aliança Nacional Libertadora ( ANL). Durante a Intentona Comunista foi denunciada por uma enfermeira pela posse de livros marxistas. A denúncia levou à sua prisão em 1936 no presídio da Frei Caneca por 15 meses.
Neste presídio também se encontrava preso Graciliano Ramos, assim ela tornou-se uma das personagens de seu livro “Memórias do Cárcere”. Em 1952, ela funda o Museu de Imagens do Inconsciente, no Rio de Janeiro, um centro de estudo e pesquisa destinado à preservação dos trabalhos produzidos nos estúdios de modelagem e pintura que criou na instituição, valorizando-os como documentos que abrem novas possibilidades para uma compreensão mais profunda do universo interior do esquizofrênico.
Eu me emocionei tanto quando li o final da reportagem, pesquisei mais sobre ela e me orgulho de contar para vocês sobre este exemplo de mulher que humanizou o tratamento psiquiátrico através da ARTE. Nise partiu em 31 de out de 1999, mas sua obra sem dúvida permaneceu iluminando muitas mentes inquietas e em busca de paz.