Assisti um vídeo sobre os irmãos com direção de Estela Renner. Lembrei da minha infância. Lembrei de quando meu irmão caçula nasceu, prematuro, frágil e cabia na caixa de sapato do meu pai. Durante mais de um ano foi tratado com todo o cuidado e alimentação diferenciada até que ele se fortalecesse. Quando meus irmãos tiveram catapora eu não peguei e fui a escolhida para cuidar dele. Entrava no quarto dos meus pais para ajudar minha mãe a trocar sua roupa e a fralda, não sem antes trocar de roupa, para evitar que ele fosse contaminado o que poderia ser fatal para ele. Confesso que me deu saudade, pois, nessa época eu sentia que podia ajudar.
Eu não posso ajudar hoje, não tenho direito de mudar seu pensamento em relação ao seu posicionamento político, a sensação de que a liberação do uso de armas pode nos deixar mais seguros. Mas posso lembrar do tempo em que brincávamos lá em casa, do dia em que ele sem querer colocou fogo no armário cheio de brinquedos e eu estava lavando vasilha e por sorte um caldeirão ajudou a reduzir as chamas que já começavam a crescer. Eu sempre ficava alerta, sempre detectava sinais de perigo.
O tempo passou e eu continuei detectando sinais de perigo em vários momentos da minha vida mas o perigo maior nasceu há uns anos atrás quando comecei a lecionar e pude perceber que o nosso País não ia bem. Quando começamos a ver as escolas sucateadas, as merendas ruins, os professores ganhando mal e paralelamente as pessoas tendo dificuldade de se manter, as famílias se desestruturando o desemprego aumentando. As crianças e adolescentes foram perdendo os limites, a educação familiar sendo reduzida a zero, a violência nas escolas aumentando. Ao mesmo tempo os políticos de vários partidos, em vários níveis se locupletando, se corrompendo e corrompendo novos políticos. E, sempre em todos esses momentos em que detectava sinais de perigo a única solução que eu via pra tudo isso era mais EDUCAÇÃO.
O maior presente que Deus me deu foi o a persistência pra aprender a desenhar e fazer da Arte meu ganha-pão. Através da Arte pude perceber o mundo com outro olhar, pude perceber pequenos detalhes que há muitos passam despercebidos, mas, também comecei a valorizar a persistência, a pesquisa, a procura, a crítica. Pude cultivar ideais de igualdade, liberdade, justiça, força e a fé.
Sem buscarmos a sabedoria, sem nos capacitarmos, sem conhecermos a história do nosso povo e do nosso planeta não conseguiremos valorizar a VIDA, não conseguiremos respeitar as pessoas da nossa comunidade, não conseguiremos mudar de um mundo de lutas e sofrimentos para um mundo de paz e solidariedade.
Por achar que a VIDA é uma benção, por desejar que nossas vidas sejam abençoadas, sempre valorizei o conhecimento, lembrando daquela frase: conhecereis a verdade e ela vos libertará.
Podemos errar, podemos escolher errado, mas temos que valorizar o aprendizado e corrigir nossos erros passados. Temos que aprender a escolher mesmo sentindo que nos encontramos em uma encruzilhada. Nesses momentos a ÚNICA coisa que pode nos ajudar é que, cada um com sua fé, busque na energia divina na qual acredita pedir a intuição que lhe possibilite encontrar o caminho certo.
Amor, luz e Paz!
- Encontrei um texto que faz referência a frase “conhecereis a verdade e ela vos libertará”, que explica um pouco o sentido dessa frase:
O apóstolo João, no seu Evangelho, cap. 8:32, anotou essas palavras de Jesus: “E conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará.” Esta verdade encontra-se na interpretação correta da Mensagem Cristã. Por isso, é preciso estar sempre estudando a teoria e aplicando-a na nossa vida. Se assim fizermos, vamos compreender que Jesus fala em particular a cada um de nós. Fala para nós, convidando-nos caminhar no caminho que Ele exemplificou. Em momento algum, Ele nos diz para chamar a atenção do outro ou para interferir no pensamento alheio. O homem é um ser dotado de razão e de sentimento. A razão e o sentimento constituem os dois pólos da vida psíquica. Desenvolve-los é trabalhar a evolução gradativa do Espírito. O homem é um ser concentrado pelo raciocínio e vivificado por sentimentos de virtudes, por afetos que o prendem à Fraternidade e só quando usa esses atributos em busca da verdade, ergue-se, dignifica-se, eleva-se e santifica-se. Todos os grandes pensamentos só podem ser assimilados depois de sentidos e todos os nobres sentimentos só podem ser compreendidos depois de pensados. A compreensão não vem só do raciocínio, mas do raciocínio aliado ao sentimento: são estes os dois grandes faróis luzentes da estrada da vida. A Bondade Suprema que é sempre a bondade invariável, deixa livre as criaturas, para a aquisição do conhecimento. Somos Espíritos livres por determinação da Providência, em todas as manifestações, inclusive aquelas em que o homem se extravia na criminalidade, esposando obscuros compromissos. Fazemos pois da nossa vida o que queremos, sob a vigilância da Justiça Perfeita, que comanda tudo no Universo, determinando seja concedido a cada um por suas obras. Nem mais, nem menos. Dentro da nossa liberdade, escolhemos o tipo de experiência que vai acelerar a nossa evolução. Se nos desviamos do compromisso assumido, é responsabilidade nossa, porque discórdia e tranqüilidade, ação e preguiça, erro e corrigenda, débito e resgate, são frutos de nossa escolha. Respeitemo-nos assim, uns aos outros. Cuidemos cada um da nossa própria vida. Não devemos constranger o próximo conhecer a verdade pela nossa forma de ver ou raciocinar. Cada um caminha como quer e quando quer.
Conhecer a verdade é uma questão de consciência, de sentir a vontade de buscá-la. É o despertar. É o olhar-se e enxergar alguma coisa a mais que a matéria perecível; é a razão se desenvolvendo e questionando; é a criatura aprendendo a sentir o amor, na forma que o Cristo vivenciou: sem exigências, sem mágoas, sem pressa, mas trabalhando-se na conquista dos conceitos de paz. Penetrar esta verdade é compreender as obrigações que nos competem. Discerni-la, é renovar o próprio entendimento e converter a existência num campo de responsabilidade com o melhor. Conhecer portanto a verdade, é perceber o sentido da vida. E perceber o sentido da vida é crescer em serviço e burilamento constantes. Somos dotados de razão e sentimento. Busquemos pois a palavra de Jesus, permanecendo nela, sendo verdadeiramente seus discípulos e conheceremos a Verdade que nos libertará.
05/12/06 – Luci Ferreira de Oliveira
O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap. XXVIII – itens 50 e 51