Se a lagarta pensasse chegaria a ver as estrelas?

Santa Ceia 1 - Se a lagarta pensasse chegaria a ver as estrelas?
Santa Ceia – Rose Valverde – Aquarela (2005)

 

O livro “Estela” de Camille Flammarion, aborda a importância da astronomia, objetivando a busca da verdade. Através de romance, mostra a sintonia perfeita entre Rafael e Estela, dois seres que denotam elevada evolução espiritual.

Num trecho deste livro uma interpretação maravilhosa do que somos capazes de ver…

[…]Se a lagarta pensasse, acreditaria morrer no sudário necromorfo da crisálida, pois não poderia adivinhar que a borboleta e ela são um só e mesmo ser. Seus olhos chegariam a ver as borboletas?

Dizeis sempre só admitir o que vemos. Então, para que serviriam o espírito, a reflexão, o entendimento, a razão? Sabeis o que vemos, mesmo em Física, em relação a luz? Nada, ou quase nada.

As vibrações etéreas, capazes de impressionar nossa retina e de serem sentidas pelo nosso nervo óptico, estão compreendidas entre dois limites muito reduzidos. Conheceis o espectro solar, do vermelho ao violeta, e sabeis que todos os raios visíveis aos olhos humanos estão compreendidos nesse espectro. Sabeis também que os raios se prolongam tanto além do violeta, quanto além do vermelho; que os primeiros, invísiveis, porém de grande potência química, são visíveis para o “olho fotográfico”, e foram fotografados com os seus riscos ou sulcos espectrais; e que os segundos, igualmente invísiveis para nós outros, são caloríficos e foram fotografados também, com o auxílio do bolômetro. Ora, sede pois, lógico e confessai que o mundo visível está longe de representar o mundo real. Atentai para o espectro atualmente conhecido: mede um metro. Vedes, ao centro, uma zona branca? È o espectro vísivel: mede cinco centímetros. Todos os outros raios nos passam despercebidos. Não sejamos, pois tão “positivistas.”

E porque vemos tão pouco do próprio mundo físico? Porque estamos muito próximos ao Sol.

Nossos olhos formados nesse meio tão luminoso, são quase cegos; nossa sensação óptica é rude, brutal, grosseira, e a amplitude das vibrações acessíveis ao nosso nervo óptico muito reduzida. Não vemos quase nada do que existe. Quando, saindo da viva luz de um lindo dia de Verão, entramos em um subterrâneo, nele nada podemos distinguir. Se os nossos olhos se tivessem desenvolvido no ambiente de uma claridade mais suave, mais temperada, à semelhança do que ocorre em Urano ou Netuno, por exemplo, seu campo de captação seria incomparavelmente mais extenso. Mas, é assim: estamos na Terra. Não é uma corda vibrante de harpa ou violino a que possui o nosso organismo; é uma barra de ferro. Não vibramos. Nessa condição a que chamamos “noite”, está o estado real do Universo. Ardemos com a proximidade do nosso Sol. Observai este escorço do sistema plánetário: Enquanto Júpiter, Saturno, Urano e Netuno e os planetas transneturianos descrevem com majestade suas órbitas imensas na extensão – Mércurio, Vênus, a Terra e Marte giram dentro da própria órbita do astro deslumbrante, e é com dificuldade que os distinguimos. Nosso modo de percepção é acanhado e incompleto; A ciência, porém, o desenvolve, revelando à nossa razão o mundo invísivel, imensidade na qual o mundo visível não passa de ligeira e frágil bolha de sabão.

Paradoxo tão estranho quanto incontestável: a noite é o facho da Ciência. Sem a noite, não conheceríamos o Universo, nunca teríamos visto as estrelas. O dia apaga a imensidão dos céus[…].

Tive tantas visões de Cristo e em tantos momentos ele iluminou minha visão que não poderia deixar de registrar o que meus olhos “enxergavam” e o que o meu coração sentia.

Vejo sua trajetória não como um sacrifício, mas como um grande exemplo. Imagino a energia de seus olhos mil vezes mais luminosos e sem as nossas limitações pois sua visão vai além da matéria e abarca todas as dimensões do espírito…

Que a mensagem de Cristo ressuscite em nossos corações!

Amor e Paz…